14 de maio de 2012

Análise de Música: Alegria Alegria


Alegria, Alegria

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou

Por que não, por que não...

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou...

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...

Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...


Esta é uma música cheia de ideologia e ideias que vão contra ao regime autoritário que prevalecia na época.
O autor da música discordava da situação em que vivia, no caso, a ditadura. "Caminhando contra o vento" ( Com o verbo: caminhando, Caetano Veloso faz uma associação ao início da música de Geraldo Vandré "Pra não dizes que não falei das flores".) dá a ideia de resistência, onde o vento eram os ditadores e a população, e o autor ia contra eles. Em: "... sem lenço sem documento...", o autor propõe ir contra as regras da ditadura de só sair nas ruas com documentos de identificação. Mostra também a mulher submissa ao homem em: "...Ela pensa em casamento..."
Caetano trata a liberdade de expressão e a felicidade como algo distante, difícil de se realizar. Ele idealiza uma juventude livre (sexo, amor e drogas), que pode se expressar, correr atrás dos seus desejos e não presa às repressões impostas pelas autoridades.
E por fim, indaga repetidamente: "Por que não...", o porquê de não poderem se expressar como ele cita em sua música.

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